Cultura alternativa

Mulheres do café

IWCA no Brasil, que estimula mulheres a participar de políticas agrícolas, levou produtoras da região a Brasília e Belo Horizonte

Sara Ávila

Foto acima: 2º encontro de mulheres envolvidas com a cadeia produtiva do café, em Ibiraci-MG (Leverci Cunha)

Bruna Malta é proprietária de uma cafeteria em Franca, tem uma pequena produção num sítio do município e é membro da IWCA (Internacional Women Coffee Association), uma associação internacional que visa reunir exclusivamente mulheres ligadas à cafeicultura para desenvolver negócios nessa área.

Ela e algumas das 162 participantes da associação nas regiões da Alta Mogiana Paulista e Mineira estiveram em Brasília agora em janeiro para planejar ações de desenvolvimento da cafeicultura feminina no país para 2019. Representantes da Organização das Nações Unidas (ONU-Mulheres) e da Agência de Promoção de Exportações (Apex) também foram à capital federal.

“A diversidade das regiões produtivas e a realidade de cada família nos fazem aprender com as experiências de outras cafeicultoras e trazer novas soluções para a região da Alta Mogiana”, afirma Bruna.

Esse é apenas um dos muitos eventos dos quais as mulheres cafeicultoras de Franca, de cidades do entorno e do Sul de Minas estão envolvidas. Para integrar a IWCA, formaram um grupo, o Cerejas do Café, que foi lançado na Semana Internacional do Café, realizada de 7 a 9 de novembro em Belo Horizonte, capital mineira.

A IWCA, que atua em 22 países, se instalou no Brasil em 2012 e, desde então, com apoio do Sebrae, estimula o surgimento de grupos em diversos estados, principalmente aqueles onde a agricultura tem maior atuação na economia.

Bruna Malta, a primeira da fileira da frente, na Semana Internacional do Café (Foto: Acervo pessoal)

No caso das Cerejas do Café, as primeiras reuniões foram realizadas em Ibiraci e Cássia, ambas em Minas. Laís Peixoto Costa Faleiros é uma das organizadoras do grupo. Ela conta que sempre teve envolvimento com a produção de café, mas de forma secundária. Após participar do Festival do Café de Amsterdã, pôde entender como a ligação direta da mulher com o campo pode melhorar a renda familiar.

Foi a partir desse momento que ela e Samanta Corrêa, também produtora, deram o pontapé e passaram a conhecer outros grupos femininos inseridos na agricultura. “No primeiro encontro, conseguimos reunir 50 mulheres e, através disso, conhecemos também o pessoal do Agro de Batom, que é idealizado pela Marisa Contreras, embaixadora de um projeto conhecido como Florada do Café. Por este projeto, trouxemos mulheres de Ibiraci e nos unimos com as de Franca. Hoje, somos mais de 160 mulheres.”

Frequência

As Cerejas do Café pretendem realizar, pelo menos, cinco encontros por ano, sempre voltados ao movimento de mulheres produtoras e com trocas de experiências.  Outras ações também estão sendo planejadas, como a participação em eventos, a exemplo da Semana Internacional do Café. “A IWCA pede que a gente sempre faça um encontro antes da colheita e um encontro após a colheita, e mais alguns”, explica Laís.

Segundo ela, que também atua como assessora na Prefeitura de Ibiraci, o trabalho do grupo vai ser o de plantar sementes. “Hoje, a grande maioria das mulheres já está tomando conta do terreirão, por ser mais cuidadosa com a produção, por exemplo, de cafés especiais. Os cafés produzidos e administrados por mulheres geralmente são melhores”, acredita.