Start nos negócios
Startup Weekend, que teve sua terceira edição em Franca, na Unifran, busca boas ideias de empresas para incubar
Pedro Klein
Foto acima: Participantes do Startup Weekend Franca no encerramento do evento (Pedro Klein)
Os negócios sociais sempre estiveram à vista do designer gráfico Gabriel Maniza, de 26 anos. Devido ao trabalho que faz na revista Terceiro Setor e a contatos com investidores, era esperado que empreendesse no ramo. “É um setor muito necessitado. É muito difícil achar alguém que se disponha a abrir uma empresa, pagar encargo, para ainda não lucrar com isso.”
Querendo aprender mais sobre o processo de montagem de uma startup, ele propôs, inicialmente, a Cincão, cujo objetivo é arrecadar fundos para projetos filantrópicos de menor visibilidade. Terminou o Startup Weekend Franca 2019 como integrante da SOS Escola.
O evento foi realizado no final de semana do dia 13 de setembro na Universidade de Franca (Unifran) e reuniu interessados em desenvolver ideias de aplicações tecnológicas para problemas cotidianos. Em sua terceira edição na cidade, teve uma programação de 36 horas. Os participantes tiveram que criar uma ideia do zero na sexta-feira à noite, desenvolvê-la e lançar um protótipo até domingo, quando um grupo de jurados escolheu a startup mais bem desenvolvida para ser incubada pela Impera, a incubadora de empresas da Prefeitura de Franca.
A palavra de ordem durante todo o evento foi filantropia. Dos oito projetos finalistas, três incluíam projetos de negócios sociais – empresas privadas que oferecem serviços de impacto na comunidade a baixos custos.
As startups focadas nessas causas foram o SOS Escola, que busca oferecer aulas de reforço a preços mais acessíveis, a Madurus, que busca a recolocação da terceira idade no mercado de trabalho, e a Petsave, que consiste numa plataforma de arrecadação de doações para instituições de apoio e resgate de animais abandonados.
Mundo
O Startup Weekend possui metodologia internacional, desenvolvida no Colorado, Estados Unidos. Consiste numa maratona de 36 horas, que envolve refeições, networking, competições e mentorias, além de assistência de profissionais treinados pela TechStars, uma organização sem fins lucrativos, organizadora internacional da ação, para oferecer um leque variado de perspectivas e habilidades importantes para o desenvolvimento de um negócio.
O primeiro dia é reservado para os pitches dos projetos. Um pitch é um discurso rápido e sucinto sobre uma ideia. Cada participante tem apenas um minuto para cativar o interesse dos demais. Todos os presentes votam e são escolhidas as melhores ideias. Estas serão implementadas durante o Startup Weekend.
Formam-se, então, equipes para criar seus modelos de negócios, desenvolver as ideias escolhidas, com programação, design e validação de mercado. Há duas sessões de mentoria, uma no sábado e uma no domingo, com pessoas qualificadas dispostas a auxiliar as equipes nas dificuldades de implementação e validação dos projetos.
Para Lígia Rodrigues, membro da organização do Startup Weekend e veterana da primeira edição francana, o objetivo das mentorias é, para além de um quesito técnico, uma jornada de autoconhecimento. “Os mentores têm a capacidade de direcionar a partir do momento em que eles entendem o seu propósito. Eles estimulam o participante a encontrar a própria saída, de acordo com a sua necessidade e capacidade e as do grupo em que ele está inserido.” E completa: “A startup vai crescendo conforme as capacidades que você vai adquirindo ao longo do evento.”
No último dia, todas as equipes têm oportunidade de apresentar seus projetos e os produtos criados. Os juízes designados então votam e escolhem as equipes vencedoras.
A Unifran participa cedendo o espaço para o evento, que pode ocorrer em qualquer tipo de lugar, mas Lígia destaca a receptividade da instituição. “Os professores e os coordenadores se dispuseram a ajudar muito na organização e na divulgação, e o Núcleo de Design fez um trabalho lindo conosco.”
História
O primeiro Startup Weekend foi organizado em julho de 2007 na cidade de Boulder, Colorado, pelo empreendedor, escritor e influencer Andrew Hyde. A experiência reuniu 50 pessoas e rapidamente começou a se espalhar por outras partes do mundo.
Em 2010, com 80 edições na América do Norte e na Europa, o evento foi incorporado na organização sem fins lucrativos UpGlobal, gerida pela fundação do empresário do ramo farmacêutico Ewing Marion Kauffman, que também organizou o Startup Week e a revista eletrônica Startup Digest.
Em 2015, a UpGlobal, junto com suas marcas e eventos, foi comprada pela aceleradora e fundo de investimentos Techstars, por um valor não divulgado. David Cohen, sócio-fundador e atual presidente da empresa, em entrevista para a revista de negócios Entrepreneur na época, relatou a importância do negócio para a construção do que ele classifica como um “ecossistema de empreendedorismo verdadeiramente global”.
Hoje, o evento é patrocinado pela Google, Amazon, IBM, Microsoft e ainda pela Fundação Kauffman, sendo realizado em mais de 700 cidades em todo o mundo. No Brasil, até 2017, segundo o colunista do jornal O Estado de São Paulo Felipe Mattos, foram 374 eventos em 128 cidades, cobrindo todos os estados do país, captando um total em investimentos de mais de 260 milhões de reais.
A organização do evento em Franca pode ser encontrada no Instagram, no endereço @startupweekendfranca. A agenda das próximas edições está no endereço communities.techstars.com/brazil. Para mais informações sobre o processo de empreender em tecnologia em Franca, a incubadora Impera está no Facebook e no site http://www.imperafranca.com.br/.
