Agenda científica

Frutas podem ajudar a inibir o câncer

Em pesquisa sendo realizada na UNIFRAN, foram encontradas algumas substâncias que podem ajudar a inibir o processo de carcinogênese

João Pedro Pimenta Kikuichi

Foto acima: Substâncias presentes em frutas ajudam no combate ao câncer (Reprodução/Internet)

O câncer é uma doença que sempre esteve presente na sociedade, afinal, o primeiro registro foi feito em um papiro egípcio em 2.600 antes de Cristo e, desde então, a humanidade busca obsessivamente pela sua cura. Para se ter um embasamento maior, no triênio 2023-2025 espera-se que sejam computados 704 mil casos somente no Brasil.

A busca pela cura do câncer é grande no mundo todo, porém,  a doutora Denise Crispim Tavares, que é pesquisadora e docente da UNIFRAN (Universidade de Franca) no Programa de Pós-Graduação em Ciências, está pesquisando como impedir o aparecimento da doença.

“Nós sabemos que as substâncias impedem os danos e, consequentemente, o processo de carcinogênese são existentes nas frutas, nas plantas medicinais e nos vegetais”, disse a doutora.  Na pesquisa, são feitos ensaios que buscam essas substâncias, para saber quais são elas e se realmente podem proteger.

A substância mais conhecida é a fisetina, que está presente em inúmeras frutas que são comuns, como por exemplo, morango, tomates, maçãs, pêssegos, uvas e kiwis. E ela é muito eficiente, pois ajuda na redução da angiogênese (ação que gera novos vasos sanguíneos e alimentam tumores) e é eficaz na melhoria dos efeitos da quimioterapia.

Tomates contém a Fisetina, substância que ajuda nos efeitos da quimioterapia (Foto: Reprodução/Internet)

Outras frutas também ganham destaque, como a castanha-do-pará, que é rica em selênio, um mineral necessário para manter a função da tiroide e das enzimas do fígado, além de combater radicais livres que podem causar o câncer. A goiaba vermelha também é eficaz, já que em quase todas as frutas e legumes amarelos, laranjas e vermelhos, ela possui os carotenoides, tem se mostrado benéfico contra o câncer e para fechar essa primeira lista, a uva se mostrou benéfica, sendo mais específico, a casca de uva, que contém resveratrol, substância que é capaz de inibir a formação de tumores no fígado, estômago, mamas e no sistema linfático.

Com a presença das caratenoides, presente em frutas amarelas, laranjas e vermelhas, as frutas e legumas também ajudam a combater o câncer (Foto: Reprodução/Internet)

A própolis vermelha e o abacate avocado, são outros exemplos, que podem ajudar a prevenir o câncer.  Os polifenóis da própolis vermelha brasileira representam uma nova classe de compostos antiproliferativos do câncer, responsáveis pela inibição de crescimento tumoral e morte celular. Já o abacate avocado,contém a abacatina B, um composto que pode ajudar a matar as células de leucemia e, além disso, os fitoquímicos presentes no abacate os tornam potencialmente benéficos para a prevenção dessa doença.

A própolis vermelha pode ser responsável pela inibição de crescimento tumoral e morte celular (Foto: Reprodução/Internet)

Outras frutas também estão sendo pesquisadas. A doutora Denise Crispim Tavares conta com a ajuda de suas alunas na realização da pesquisa: Marcela de Melo Junqueira está desenvolvendo um estudo sobre o marolo, também conhecido como pinha, que pode auxiliar na prevenção do câncer, porém não é uma fruta fácil de ser encontrada na região francana como ressalta Marcela: “A fruta é do Cerrado, é difícil de ser achada por aqui, o mais próximo que conseguimos achar é em Minas Gerais”, disse a aluna pesquisadora.

A UNIFRAN fez uma parceria com a UNIFAL (Universidade Federal de Alfenas), para que pudessem trabalhar juntas na pesquisa, já que em Alfenas é possível encontrar o marolo. Eles estão contando com a ajuda de Pollyanna Francielli de Oliveira e Bruno Martins Dala-Paula, que são pesquisadores da faculdade mineira, para buscar resultados para a pesquisa, que ainda segue em andamento, sem previsão de encerramento.

Marolo, fruta comum no Cerrado do Brasil, pode ajudar a prevenir o câncer (Foto: Reprodução/Internet)

O CAMINHO TRILHADO PELA PESQUISADORA

Pensar fora da caixinha e buscar coisas novas, talvez essas duas características definam bem o que é ser pesquisador e com a doutora Denise Crispim Tavares, a paixão por realizar pesquisas veio desde muito cedo. Enquanto todos passam por aquela fase de decidir qual profissão seguir, ela já tinha na cabeça o seu objetivo. Ela passou em Biologia e, logo em seu segundo ano de graduação, já começou a fazer iniciação científica.

“Na época, nós estávamos trabalhando com alguns aspectos do transmissor da doença de chagas. Então, estávamos conhecendo um pouco sobre as células desse transmissor. Foram três anos com isso”, conta com orgulho a pesquisadora.

Em paralelo a isso, a doutora Denise já trabalhava na área de toxilogia, de DNA e de material genético, área em que atua até hoje. Sua pós-graduação também foi nessa área, que é chamada de genética toxicológica, onde verificamos a ação de compostos e substâncias, que nós nos expomos em nível de material genético.

Após fazer o seu mestrado e doutorado na USP (Universidade São Paulo), em Ribeirão Preto e o pós-doutorado na UNESP (Universidade Estadual Paulista), em Araraquara, doutora Denise chegou na UNIFRAN (Universidade de Franca) em 1998. A pós-graduação em ciências iniciou-se em 2003, com a pesquisadora fazendo parte desse grupo e, além disso, com o início da pós em ciências, as pesquisas também começaram a ser desenvolvidas.

Enquanto ela trabalhava na UNIFRAN e com o sonho de estudar fora, ela usou parte de suas férias para ir aos Estados Unidos, fazendo faculdade em Georgetown University, que fica localizada em Washington. Nessa oportunidade, ela trabalhou com a genética do câncer de mama. Foi uma experiência muito enriquecedora, já que pode aprender novas técnicas e observar uma estrutura maior, além de conhecer toda a parte de logística das pesquisas.

Com uma história inspiradora, doutora Denise nos mostra cada vez mais a importância dos pesquisadores na sociedade, afinal, sem eles nós não teríamos descoberto metade de muitas das coisas que hoje são fundamentais em nossa vida.

 Acompanhe a produção acadêmica da Profa. Dra. Denise Crispim Tavares pelo Google Acadêmico.