Pet creches
Serviço que tem crescido na região, elas passaram a ser vistas como necessidade por tutores de animais de estimação
Pablo Henrique
Foto acima: Marina com o marido e a cadela Molly, que frequenta uma pet creche em Franca (Acervo pessoal)
Júlia Diniz Vieira tem 28 anos e é de Ribeirão Preto. Dona do vira-latas Lupo, cão que foi adotado e agora está com um ano, não dispensa os serviços de uma pet creche. “Pode soar como fútil, mas, depois que comecei a levar o Lupo, ele se tornou outro cachorro.”
Júlia mora em apartamento e diz que não gosta de deixar o cão trancado enquanto ela e o marido estão ausentes. Acredita que, além de fazer mal ao animal, existe o risco de alguns prejuízos materiais. Pelas redes sociais, conheceu a Petcreche da Luciana Hyppolito. Júlia deixa o Lupo lá duas vezes por semana.
A Petcreche da Luciana fica no bairro Alto da Boa Vista, em Ribeirão Preto. Foi inaugurada há pouco menos de um ano. A motivação veio do prazer de estar com os bichos e da experiência da proprietária, que faz trabalhos voluntários num abrigo que resgata animais abandonados.
A creche, além de um espaço onde os pets têm contato com a natureza, conta com uma estrutura preparada para recebê-los. Luciana tem uma ajudante, a enteada Naomi Zampieri, de 22 anos. Logo na entrada, há uma tela que separa os pets da porta da rua, para que não haja o risco deles saírem e também para oferecer um espaço de adaptação para os novatos, que, segundo Luciana, não leva muito tempo: cerca de dez minutos.
Todos os pets têm uma ficha, com os dados detalhados, como se tem problemas de saúde, horários de ração, o que pode ou não comer, entre outras informações. Além de convênio com veterinários 24h por dia, há atividades numa piscina adaptada durante o verão.
O local recebe cães de pequeno e médio portes, com um limite de dez animais por dia. Caso o tutor queira hospedagem, o limite baixa para cinco por pernoite. A diária com a pernoite é de R$ 60. Se for só para passar o dia e ir embora, R$ 30. Dependendo da quantidade de dias contratada, há descontos. O tutor deve levar a alimentação de casa, pois a mudança de raça, segundo Luciana, pode ocasionar reações.
Luciana mora na creche e, para o ano que vem, quer ampliar os serviços e implementar o Táxi Dog, para buscar e levar os animais, além de banho e tosa.
“O animal tem um senso melhor que o do ser humano. Eles respeitam a personalidade um do outro”, responde Luciana quando pergunto sobre a convivência entre eles. E emenda: “Nunca houve uma briga. Eles se sentem muito bem.”
Amanda Garcia Nogara, de 22 anos, tutora da vira-latas Maju, de 7 meses, adotada de uma ONG, é uma das clientes. “A Maju adora. Eu a levo nem tanto porque preciso, mas porque faz muito bem a ela”. Desde a inauguração da creche, a Maju também vai duas vezes por semana. O motivo é o mesmo da Júlia: evitar deixar a cadelinha trancada no apartamento.
Espírito empreendedor
Em Franca, o serviço de pet creche também é bastante requisitado. Solange Marcantônio de 56 anos, tutora da cadela Farm, de nove meses, da raça Blue Heeler, considera este tipo de serviço necessário, principalmente para quem mora em apartamento. Ela deixa a Farm na Vila Canis Hotel e Creche para Pets de quinta a segunda-feira, toda semana. “A Farm gosta muito, pois tem bastante contato com a natureza. E eu gosto muito da parte em que eles me dão retorno, mandando vídeos sobre como a Farm está.”
A Vila Canis está localizada no Recanto Fortuna. O dono é Ricardo Borges Figueiredo, de 37 anos, que também mora no local. Ele é estudante de Medicina Veterinária e afirma que resolveu investir no negócio por causa da grande procura. As pessoas o consultavam para saber se poderia cuidar dos animais delas. A inauguração foi em janeiro e, agora, ele tenta ampliar a divulgação. “Por seu um mercado ainda em expansão e em cidade do interior, as pessoas não conhecem tanto o serviço. Aqui, os cachorros se desestressam, correm, cavam buracos, mordem brinquedos. Tudo isso faz bem a eles.”
Ricardo recebe todos os tipos e tamanhos de cachorros, mas exige que estejam vacinados e com antipulgas em dia, além de pedir um histórico do animal, para saber se há alguma necessidade especial, índice de agressividade, horários e tipos de alimentação. Recomenda que a comida seja levada de casa, mas, caso o tutor queira, oferece ração. Independente do tamanho do animal, o preço da diária é de R$ 40.
Ele tem, à disposição, 14 canis na parte de baixo da chácara e quatro na parte de cima, para a necessidade de ter de separar os cães maiores dos menores. “Faço umas perguntas, puxo o histórico sobre o pet e, caso ele seja muito agressivo, fica preso até se acostumar, para não se colocar em risco e nem os outros.”
Ricardo grava vários vídeos de 20 a 30 segundos durante todo o dia, para mostrar como os animais estão se comportando e, no final da estadia, sempre relata ao tutor como foi o dia do pet. “A Farm, quando me vê, já vem correndo e vai pulando dentro do carro. A Molly também. Eles sabem que vão vir pra creche. Por isso, já ficam assim”, conta ele.
Molly é a cadelinha de oito meses da raça Boston Terrier, que pertence a Marina Abreu Santos, de 31 anos. A tutora, que leva a companheira de três a quatro vezes por semana, diz que esse tipo de serviço era bem comum em Belo Horizonte, onde morava, mas que foi difícil achar em Franca.
Ao ouvir relatos como o dela, Ricardo já vislumbra potencial de crescimento. Um dos objetivos é implantar, em breve, um circuito de Agility.