Gênios anônimos

Explosão de paixão

Jersey Scarabucci Teixeira e seu amor por fogos de artifício e pelas Cavalhadas da Franca construíram uma tradição na cidade

Juliana Teodoro

Foto acima: Sr. Teixeira participou das Cavalhadas da Franca desde menino e as seguiu ao longo de décadas (Marcos Limonti/TRIELE)

A união do amor por pirotecnia e pelas tradicionais Cavalhadas da Franca resultou em uma história de comprometimento que ultrapassou gerações. Jersey Scarabucci Teixeira manteve a dedicação ao espetáculo durante toda a sua vida e deixou uma herança de responsabilidade para toda a família.

Os fogos de artifício e as cavalhadas sempre andaram juntos por meio da história da família Teixeira. Tudo começou em 1901 com o avô, Angelo Scarabucci. A tradição foi passada para seu pai, José Teixeira, até que chegou nele, Jersey, conhecido como Sr. Teixeira.

As cavalhadas são um espetáculo a cavalo que representa as batalhas entre mouros e cristãos do século VII d.C. Um dos grandes momentos do teatro equestre é a tomada do castelo mouro pelos cristãos, que resulta em uma explosão, sempre representada pela Fogos Teixeira, uma das lojas mais tradicionais de Franca.

“Ele cumpria rigorosamente a missão de explodir o castelo mouro, sempre preocupado com a segurança dos atores e do público e também com a beleza e realismo da explosão, para passar a sensação de vitória dos cristãos”, conta Carlos Teixeira, médico oncologista do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, e filho do Sr. Teixeira.

Sr. Teixeira seguia as cavalhadas aonde fossem. “Quando se apresentaram em Olímpia, ele demorou muito para encontrar o local e a encenação já havia começado. Ele teve que montar todos os fogos durante a apresentação. Teve que correr!”, lembra Carlos.

Um ano era necessário para que Sr. Teixeira preparasse os fogos (Foto: Marcos Limonti/TRIELE)

São Paulo, Olímpia e em Franca – seja no estádio Nhô Chico, no estádio do Palmeirinhas e ou no Parque Fernando Costa -, as cavalhadas deixavam no Sr. Teixeira a sensação de dever cumprido, conta o filho. Era isso que ele sentia ao assistir à explosão do castelo, que era cuidadosamente planejada durante um ano para que tudo saísse da melhor forma possível.

Em 1975, com a morte do pai, justamente num dia de apresentação das cavalhadas, Sr. Teixeira honrou o compromisso e a tradição em homenagem a ele. Saiu do velório e montou os fogos de artifício no castelo. A explosão daquele dia trouxe muita emoção à família.

As Cavalhadas da Franca de 2018, já sem a presença de Sr. Teixeira, falecido no ano passado, emocionou os filhos, principalmente quanto houve uma homenagem especial ao pai e a toda a família Teixeira. “A homenagem desse ano retrata bem o espírito das cavalhadas, que sabem ser gratas e fieis parceiras de muito tempo”, comenta Marcus Vinícius Falleiros, presidente do Clube das Cavalhadas da Franca. “A Fogos Teixeira é a nossa maior parceira. Eles preparam o ponto alto do espetáculo e o fazem com maestria.”

A montagem da explosão agora é mantida pelos filhos e genros. Todos aprenderam cedo o papel da família no espetáculo.

Em 2018, os filhos e genros do Sr. Teixeira mantiveram a tradição (Foto: Macos Limonti/TRIELE)