Cultura alternativa

Batalhas de MCs

Rimas improvisadas atraem público variado para eventos que pregam a paz, a diversão e o exercício da memória em Franca

Hermes Pereira Neto

Foto acima: Mcs Tavim e Melk (da esq. para dir.) na 32ª Edição do Batalha Franca (Luan Telini)

As batalhas de rima surgiram pouco após o nascimento do rap, em 1970, tanto por meio de ataques em versos de músicas do gênero (ou “diss”, como são conhecidos entre os praticantes), quanto pelas batalhas/rinhas de improviso entre rimadores que se enfrentavam nas ruas do Bronx, o berço do hip-hop.

Apesar de levar o nome de “Batalha”, o conceito real do evento passa bem distante da violência. Pelo contrário: o objetivo é que reinem a paz e a diversão. Os frequentadores chegam e conversam, cumprimentam os demais e dão risadas, enquanto vão entrando no clima para batalhar e assistir às apresentações.

Dá-se o nome de “Batalha” pois os rimadores competem entre si, um versus outro ou, até mesmo, cidade contra cidade em casos especiais. As rimas são improvisadas e faladas em cima de uma batida proposta por um DJ ou a capela. Elas têm conteúdo crítico, humor ou sarcasmo e estimulam o público a torcer pelo melhor MC. Ao final, o ganhador pode levar um prêmio, a depender da organização de batalha.

Entre os diversos tipos de batalhas, os dois que mais se destacam são: a de sangue e a do conhecimento. Na primeira, os participantes têm como objetivo atacar verbalmente seu adversário, enquanto que, na segunda, os participantes rimam sobre temas pré-estabelecidos por jurados e organizadores ou que são escolhidos pela plateia do evento.

Ambas são duelos de improvisação, em que, quem tem mais intimidade com as palavras, sagacidade no pensamento e língua afiada leva a melhor no combate.

1ª edição do Batalha Franca reuniu 250 pessoas, entre rimadores e espectadores (Foto: Divulgação)

Pouco a pouco, domina o local, formando uma roda pra prestigiar a disputa. No meio da “muvuca”, fica somente o mestre de cerimônia, que é uma espécie de apresentador, e os dois rimadores da vez. As regras são claras: cada rimador tem 30 segundos pra mostrar seu talento no improviso e o público define quem passa pra próxima rodada.

A chegada a Franca

O Movimento “Batalha Franca” começou em 2015, realizando seu primeiro evento em 31 de janeiro daquele ano, na Concha Acústica, localizada na Praça da Matriz. As sessões passaram a ser organizadas mensalmente desde então, mas sem data fixa.

De acordo com Fabio Rodrigues, um dos organizadores, o movimento surgiu por necessidade da cena local, onde um “bom número de pessoas tinha vontade participar, porém não havia nenhuma alternativa próxima. A Batalha Franca surgiu, então, da necessidade do próprio público”.

A 1ª edição surpreendeu ao atrair cerca de 250 pessoas, entre rimadores e espectadores. Hoje, Franca conta com três batalhas. Além da Batalha Franca, a Batalha dos Nômades, realizada na Praça do Cemitério da Saudade, no centro, e a Batalha do Brasa, todas às sextas na rua Porto Velho, em frente ao número 1730 (Bueno’s Churros), no Jardim Brasilândia.

Galera reunida na Concha Acústica, onde é realizada a Batalha Franca (Foto: Luan Telini)