Espírito do tempo

“Como qualquer um”

No dia em homenagem aos garis, profissionais de Franca falam sobre preconceitos enfrentados no trabalho e lembram a importância da função  

Moara Ribeiro

Foto acima: Garis recolhem lixo descartado de forma inadequada (Divulgação)

Embora o trabalho dos garis seja fundamental para a limpeza de uma cidade, boa parte da população não reconhece isso. Em Franca, os varredores de ruas, cujo dia é comemorado nesta quarta (16/05), ainda sofrem com preconceitos.

“Trabalhar varrendo as ruas não é ruim. O difícil mesmo é quando as pessoas te esnobam, como se a gente fosse qualquer um”, diz o gari Moacir de Oliveira, de 38 anos, funcionário, há cerca de um ano, da Seleta Meio Ambiente Franca, empresa responsável pela varrição de ruas e coleta do lixo na cidade. “Meu trabalho é honesto e consegui esta oportunidade porque não tenho estudos. Sustento minha família com o suor de todos os dias.”

Apesar do preconceito, Rafael Chaves diz gostar do trabalho, que exerce há sete anos (Foto: Moara Ribeiro)

Apesar das experiências negativas, Rafael Vieira Chaves, de 65 anos, também destaca o amor pela profissão. “Trabalho com o que amo faz sete anos, e nunca pensei em deixar a profissão por nenhuma situação, mesmo que ficasse chateado no momento. A satisfação em deixar as ruas limpas não tem preço”. Para ele, os obstáculos do cotidiano, apesar de prejudiciais, não o desmotivam.

De acordo com a Seleta, entre os meses de julho de 2017 a março de 2008, foi recolhida uma média diária de cerca de 250 toneladas de lixo orgânico em Franca e 10 toneladas de recicláveis. O número de funcionários é de 585, entre garis e coletores. Eles se dividem em seis equipes, que, uma vez por semana, faz a limpeza em cada bairro. Apenas no centro, o trabalho é realizado duas vezes por semana.

“É totalmente indispensável o trabalho principalmente realizado pelos garis, já que eles conseguem proporcionar o bem-estar social aos moradores. Contribuem e beneficiam toda a comunidade, pois evitam a proliferação de doenças, além de garantir salubridade urbana e um ambiente com qualidade de vida dos municípios”, afirma, em nota, a Seleta.

A empresa alerta que a população poderia colaborar mais com a limpeza, separando os materiais que podem ser reaproveitados e não depositando lixo em qualquer lugar.